terça-feira, 7 de outubro de 2008

Vestidas para...amar!


Certa vez uma amiga me disse que não entendia porque a pessoa com quem estava saindo não tomava a iniciativa, já que estava tudo ‘às claras”. Lá pelas tantas, vi fotos dos encontros e algo me chamou a atenção. Nossa quase heroína estava sempre vestida demais.
Explico. Não pense que esperava vê-la num modelito femme-fatale, com fenda e decotes, não se trata disso, afinal, temos maturidade para saber exatamente o que é sexy e o que é apelação.

(dependendo do momento...)
Ela usava blazer, camisa por baixo, correntinha... No outro, calça jeans, apertada demais e coisas assim.
Fiquei imaginando as mensagens que essas roupas enviam. Não pense que é maluquice, existe gente séria (pelo menos mais sérias que eu!) que já escreveu sobre o código das posturas, a linguagem dos gestos e roupas. E é batata, pode experimentar.
Um blazer, de tecido pouco macio e com botões parece dizer “não tente me tirar, vai dar muito trabalho!”.
O que dizer de uma calça que exigirá certas flexões para não sair com um pouco da pele da dona? Sandálias complicadas, dessas que a gente leva cinco minutos para abotoar gritam bem alto “Não quero sair!!!”
Quando uma mulher quer ser despida (não importa por quem) deve usar algo deslizante, macio e fácil de tirar, e que não amarrote se ficar jogado num canto por umas duas horinhas. Aquele pretinho de malha acetinada, decote amplo em “V”, que a gente tira rapidinho como uma camiseta, é tudo de bom. No pescoço, prefira correntes longas, quem vai querer acertar o fecho na argolinha, numa hora dessas? (Além disso, essas coisinhas justas e delicadas parecem ser a escolha de uma meninninha para a primeira comunhão. Ou de um namorado duro! Mulher, mesmo, detesta economia nas jóias, acredite, ‘brilhantinho’ não é delicado, é pobre!)
Enfim, voltemos a ‘saída’.
Nos pés, aquele escarpim vermelho, de salto bem alto, que emagrece três quilos no ato, é ir-re-sis-tí-vel, principalmente se a sua tatuagenzinha do tornozelo estiver em dia. E entra e sai quase com vida própria, querida!
Pelo amor de Santa Sara Kali, não vá de body, não daqueles que prometem murchar a barriga e empinar a bunda. São broxantes. Além disso, só você acredita que façam diferença. Uma calcinha , pequenina, e duas gotas de veneno, não mais.
Você está pronta para matar. De desejo.
Minha amiga, que estava interessada numa morena alta e bem resolvida (Você ainda acha que sedução só existe entre héteros? Ta na hora de mudar seus conceitos, amiga!) teria tido mais chance de voltar acompanhada se esquecesse em casa aqueles tecidos “chiquérrimos”, que amarrotam com o piscar de olhos. A sandália de gladiador? Tsc, tsc, tsc...Muitas alças para amarrar, querida, muitas alças...

sábado, 21 de junho de 2008

Depilação do Machão


Depilação (versão masculina)

Estava eu assistindo tv numa tarde de domingo, (naquele horário em que nãose pode inventar nada o que fazer, pois no outro dia é segunda-feira) quandominha mulher deitou ao meu lado e ficou brincando com minhas "partes". Após alguns minutos ela veio com a "brilhante" idéia:- Por que não depilamos seus ovinhos, assim eu poderia fazer "outras coisas"com eles.
Aquela frase foi como um sino na minha cabeça. Por alguns segundos fiquei imaginando o que seriam "outras coisas". Respondi que não, que doeria coisa e tal, mas ela veio com argumentos sobre as novas técnicas de depilação e eu, imaginando as "outras coisas", não tive mais como negar. Concordei.
Ela me pediu que ficasse pelado enquanto buscaria os equipamentos necessários.
Fiquei olhando para TV, porém minha mente só tinha um foco: 'outras coisas'. Despertei com o beep do microondas e imaginei que ela, boazinha, ainda traria um nescafé.
Ela voltou ao quarto com um pote de cêra, uma espátula e alguns pedaços deplástico. Achei meio estranho aqueles equipamentos, mas ela estava com um ar de "dona da situação" que deixaria qualquer médico urologista sentindo-se um mero residente.
Fiquei tranqüilo e autorizei o restante do processo. Pediu para que eu ficasse numa posição de quase-frango-assado e liberasse o acesso à zona do agrião.Pegou meus ovinhos como quem pega duas bolinhas de porcelana e começou apassar cêra morna. Achei aquela sensação maravilhosa!! As 'outras coisas' deveriam ser in-crí-veis!
O Sr. Pinto já estava todo "pimpão" como quem diz: "sou o próximo da fila"!!Pelo início, fiquei imaginando quais seriam as "outras coisas " que viriam e ela nem notava o estado do Pimpão!Após estarem completamente besuntados de cêra, minha senhora embrulhou ambos no plástico com tanto cuidado que eu achei que ia levá-los para viagem. Fiquei imaginando onde ela teria aprendido essa técnica de prazer: Na Thailândia, na China ou pela Internet mesmo?
Porém, alguns segundos depois ela esticou o meu saquinho para um lado e deu
um puxão repentino.Todas as novas sensações foram trocadas por um sonoro PUUUUTA QUEEEE PARIUUUUUUU, quase falado letra por letra. Um ardor se espalhava onde antes havia um pinto e dois ovos. Olhei para o plástico para ver se o couro do meu saco não tinha ficado grudado.Ela disse que ainda restavam alguns pelinhos, e que precisava passar de novo.Respondi prontamente: NEMMMMMMMMM FODENNNNNNDO!
- Se depender de mim eles vão ficar aí para a eternidade!!
Segurei o Dr. Esquerdo e o Dr. Direito com as duas mãos, como quem segura os últimos ovos da mais bela ave amazônica em extinção, e fui para o banheiro. Sentia o coração bater nos ovos. Abri o chuveiro e foi a primeira vez que eu molhei o saco antes de molhar a cabeça.
Passei alguns minutos só deixando a água gelada escorrer pelo meu corpo frágil, as pernas trêmulas.
Saí do banho, mas nesses momentos de dor qualquer homem vira um bebezinhonovo: faz merda atrás de merda.
Peguei meu gel pós-barba com camomila que "acalma a pele", enchi as mãos e passei nos ovos. Foi como se tivesse passado molho de pimenta.Sentei no bidê na posição de "lavar xereca" e deixei o chuveirinho acalmar os Drs, peguei a toalha de rosto e fiquei abanando os ovos como quem abana um boxeador no 10° round.
Olhei para meu pinto. Ele, coitado, tão alegrinho minutos atrás, estava tão pequeno que mais parecia irmão gêmeo do meu umbigo. Nesse momento minha mulher bateu à porta do banheiro e perguntou se estavapassando bem. Aquela voz antes tão aveludada e sedutora me pareceu uma gralha.
Saí do banheiro e voltei para o quarto. Ela estava argumentado que os pentelhos tinham saído pelas raízes, que demorariam voltar a nascer. E AINDA VÃO NASCER DE NOVO????
-Esquece, sua tarada! Isso aqui agora é terra arrasada, é como chernobill, não nasce mais nem que use ginkobiloba dez anos!
Ela riu. A F de uma P, ainda riu...
-Seu bôbo! Claro que nasce. Ou você acha que a minha fica maciazinha, gostosinha, como? Eu depilo a cada 20 dias...
Meu queixo caiu. Vinte dias? Essa tortura a cada vinte dias e ela ri? Realmente as mulheres são seres superiores...-Pela espessura da pele do meu saco, aqui não nasce nem penugem, meus ovos vão ficar que nem os das codornas, respondi. Ela pediu para olhar como estavam. Eu falei para olhar a meio metro de distância, sem tocar em nada... e se ficar rindo VAI ENTRAR NA PORRAAAADA!!
Vesti a camiseta e fui dormir (somente de camiseta). Naquele momento sexopara mim nem para perpetuar a espécie humana ou para dar um créu na Juliana Paes, meu sonho secreto. Estava morto e humilhado.
No outro dia pela manhã fui me arrumar para ir trabalhar. Os ovos estavam mais calmos, porém mais vermelhos que tomates maduros. Foi estranho sentiro vento bater em lugares nunca antes visitados. E o roçar do tecido era...interessante.
-Eu, heim...Deve ser por isso que os viados se depilam...Tô fora, maluco!
Tentei colocar a cueca, mas nada feito. Procurei alguma cueca de veludo, (existe?) e nada. Vesti a calça mais folgada que achei no armário e fui trabalhar sem cueca mesmo, morrendo de remorso cada vez que eles roçavam nos fundilhos e eu já me animava.
Entrei na minha seção andando igual um cowboy cagado.
Falei bom dia para todos, mas sem olhar nos olhos. E passei o dia inteiro trabalhando em pé com receio de encostar os tomates maduros em qualquer superfície.
Resultado, certas coisas devem ser feitas somente pelas mulheres. Ou por gays que são mais corajosos que nós. Não adianta tentar misturar os universos masculino e feminino sem ter tutano.(Ainda dói!)

(R. Dias e Vera Cascaes)

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Pasto Novo



Sítio do Judas era uma localidade tão pequena, mas tão pequena que a cidade a qual pertencia nem cidade era, ainda.
Lá cresceu Marilda, menina bonita das pernas grossas, cintura fina e olho azul, o que praquelas bandas era um dote e tanto. Filha da costureira Zefinha, foi educada com esmero para casar com um bom partido e arrumar a vida da família toda, que já não era sem tempo. Marilda freqüentava a missa dominical e participava da festa da cana, no município vizinho, um encanto aquela menina.
Vai que uma coisa leva a outra e Seu Mardonho, próspero comerciante da redondeza botou o olho na menina e decidiu que aquela era dele, de mais ninguém.
Com treze, se ele não se apressasse, um moleque riquinho logo, logo, iria inaugurar aquela formosura das coxas roliças...Ah, aquelas coxas, Madonho babava emocionado, antecipando tamanha alegria.
Teve um namoro relâmpago, sob a vigilância ferrenha de Zefinha que sabia que o melhor da filha era ser imaculada. Quando noivaram, ela deu uma folga, colocou-se por detrás da meia parede de madeira velha, sentada num banquinho, esperando a hora de carregar na tosse e avisar que era hora do velho Mardonho ir-se para não deixar que as coisas esquentassem tanto.
Ouvia um vuco-vuco, um estalos de beijos e quase caiu do banco quando a filha perguntou ao noivo:
-Ô Seu Mardonho, o que o sinhô comeu hoje?
O velho levantou-se insultado, como assim? Ela estaria reclamando do seu bafo? Deu um pontapé na porta de ripa e saiu, batendo os cascos.
-Mas minha filha, como ‘ocê’ faz uma coisa dessa, o que ‘ocê’ acha que um homem desse podia de ter comido?
E ela, candidamente:
-Merda, mãe, merda...

Depois de um tempo remendou-se a situação e Marilda foi para o altar de véu, grinalda e flor de laranjeira. Mardonho puxava Zefinha pinçando-lhe a clavícula. A esmirrada costureira já sabia o que iria ouvir:
-Então, Dona Zefinha, a senhora me garante que a menina é novinha, virgem-virgem?
-Mas claro, seu Mardonho, ela nunca nem viu um....o sinhô sabe o quê.
-Ela que se prepare que hoje vai ver ‘a senhora sabe o quê deeste tamanho’ e mais algumas coisas.
A costureira achou melhor preparar a filha e iniciou aquele diálogo que as mães inventam para constranger as filhas.Disse que era dever da esposa ceder ao marido e nunca se queixar de dor de cabeça. Achou que cumprira a obrigação.
Depois das núpcias, os dois mal ficaram na festa que corria no terreiro e foram para a hospedaria, onde um quarto os esperava com o que foi possível arranjar naquelas plagas.
Lá pelas tantas, o velho Mardonho começou a sussurrar o ouvido da jovem esposa:
-Marildinha, meu amor, é hoje que você vai me dar esse seu tesouro, não é?
Ela assentia com a cabeça.
-Você vai deixar eu abrir seu tesouro, minha flor, vai, vai?
E ela balançava a cabeça.
Começou o vuco-vuco, o Mardonho arfava e nada. Marildinha, impaciente levantou o lençol e disse de soslaio:
-Ih, seu Mardonho, com essa chavinha o sinhô vai abrir meu cadeado é nunca !

Dizem que seu Mardonho ficou muito brabo uns tempos e depois foi amansando.Ficou tão manso que ia na alcova da mulherzinha uma vez ou outra, isso quando Zecão, um peão que tratava do gado bom não estava por lá. Dizem...(veracascaes@gmail.com)